domingo, 23 de dezembro de 2012

❝ Muitas coisas se diz melhor calado, pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras sim têm muitas faces. ❞
Machado de Assis


❝ Bem que existe no mundo, aqui e ali, uma espécie de continuação do amor, na qual a cobiçosa ânsia que duas pessoas têm uma pela outra deu lugar a um novo desejo e cobiça, a uma elevada sede conjunta de um ideal acima delas: mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade. ❞

Friedrich Nietzsche, 100 aforismos sobre o amor e a morte.
❝ Saudade é o pior tormento, é pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar… ❞
Chico Buarque

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim ou início de ano, um dia separa tudo. Não é tão diferente e renovador como as propagandas na televisão fazem ser. Eu nã vou comprar aquele carro e nem aquela televisão porque a minha vida não é aquele comercial. Muito menos porque o mundo vai acabar agora ou algum dia. É tudo bobagem, a gente muda menos a cada aniversário que faz e vai enferrujando feito máquina velha. Fins e começos nunca tiveram tempos exatos por aqui.
 
Camila Costa
"Quantas chances de viver loucuras memoráveis a gente desperdiça com essa mania besta de pensar?"
 
 
-Gabito Nunes
Velhas amizades, virando novos desconhecidos.
(…) Me liberta,
me liberta porque eu nasci livre,
a minha veia carrega liberdade,
deixa todo amor pra mais tarde.
Mas me prende,
me prende porque eu quero te pertencer,
é pra ti que a minha vida se vende.

Camila Costa

sábado, 15 de dezembro de 2012

Era uma vez vs. É dessa vez

Minha parte continua sendo esperar e a tua chegar
A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos… Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.
Rubem Alves
Nunca confessei abertamente o meu amor, mas, se é verdade que os olhos falam, até um idiota teria percebido que eu estava perdidamente apaixonada.
—BRÖNTE,Emily  O Morro dos Ventos Uivantes.
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também.
Dom Casmurro 
Os seres humanos gostam de assistir uma destruiçãozinha. Castelos de areia, de cartas, é por aí que começam.
A Menina Que Roubava Livros

sábado, 8 de dezembro de 2012

Quero me desculpar comigo, mas não sei exatamente qual o erro que cometi.
Gabito Nunes.

Das cartas

Me escondo no texto e escancaro você. Para te dizer palavras repetidas. Para te arrancar um meio sorriso. Para te ver parando no tempo e me lendo, relendo e concluindo. Te ver nunca foi um passatempo, mas te escrever sempre foi um grande grito de quem corre contra o tempo.

 Você sorri, dá a volta em si, limpa os dentes com a língua e mesmo assim parece não pensar nada. Tua cabeça me prende, mas acho que nunca te prendeu. Você não tem laços e eu nunca soube enfeitar presentes. Você talvez precise de mim sem saber. Eu talvez não saiba te ajudar mesmo querendo. A culpa não dorme… E se fosse eu quem tirasse o pó da sua alegria?

Você passa enquanto eu fico. De relance, me olha. De costas, me esquece. Pois me levar na bagagem nunca foi alternativa, acertei? Acertei.
Para te dizer palavras repetidas… Eu penso tanto, tanto, tanto no que jamais você pensou.


Camila A.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Bem o que ando sentindo

“Se eu pudesse usar uma metáfora, diria que abriram a porta do meu coração e tudo que tinha de bom saiu voando.”
— Tati Bernardi.

sábado, 1 de dezembro de 2012

To be hurt, to feel lost
To be left out in the dark
To be kicked when you're down
To feel like you've been pushed around

Welcome to my life-Simple plan

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

quinta-feira, 29 de novembro de 2012




Cinese também é uma plataforma de crowdlearning onde são compartilhadas experiências e conhecimentos. um dos conceitos mais legais que conheci esse ano. :) http://on.fb.me/WFzc9f

Essa Moça Tá Diferente Chico Buarque


Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás

Essa moça tá decidida
A se supermodernizar

Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar

Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som

Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ver o astronauta
Descer na televisão

                                                                                           Mas o tempo vai
Mas o tempo vem                                                                            
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Que ela só me guarda despeito
Que ela só me guarda desdém

Mas o tempo vai                                                                               
                                                                                             Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem

(...)
Essa moça é a tal da janela
Que eu me cansei de cantar
E agora está só na dela
Botando só pra quebrar

(...)
Essa moça...


P.S: Chico sempre escrevendo músicas pra mim, hahaha

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Acho que é o seu cheiro. Você cheira a algo que ainda não sou capaz de identificar, é uma fragrância transgessora, que ainda está no meu corpo. Você exala você!
Ainda trago comigo aquela sede de criança que acha água muito sem graça e finge que guaraná é cerveja. Metáforas e mais metáforas… Trago comigo a criança que vê tudo um pouco distorcido para ver além do visível, daquilo que se toca. A criança que vê o que se sente e transforma o mundo em volta e o deixa do seu jeitinho, mais colorido, menos humano e mais mágico. Porque se eu não for um pouco essa criança, é a minha parte adulta que fica sem fôlego.

sábado, 3 de novembro de 2012

“Dinheiro é como sexo - eu disse - Parece muito mais importante quando a gente não tem.”
BUKOWSKI, Charles. Hollywood.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Quantas vezes você precisa errar o alvo para finalmente acertar em mim? Porque eu me coloquei na tua mira tantas vezes…










Me intercepte na próxima quadra. Fale da minha loucura, da minha neurose de muito tentar ser outra quando eu, afinal, já me basto (e como basto!). Nos dias loucos eu nunca me escuto, talvez eu vá te escutar e sentar no cordão daquela calçada como uma criança que não sabe voltar para casa até secar cada lágrima que os meses vieram acumulando. E se você for o ombro que não tem vergonha de se passar por criança perdida, mendigo ou adulto apavorado comigo, seria bom. Ter você para cortas as asas das minhas fugas, seria mais do que bom. Não precisa correr atrás de mim, apenas corra comigo. A gente descobre até onde pode chegar. Você, no meio disso, me convence de que ser louca dá trabalho demais.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

  Por que que me apaixonei por você? É o seu jeito. A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque você cita Shakespeare, não é porque  tens os olhinhos chocolate: é o teu jeito de me dizer versos em voz alta como se você mesmo os tivesse escrito pra nós. É o seu jeito de piscar demorado seus lindos olhos, como se estivesse em câmera lenta. O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de me olhar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. não consigo nem tentar explicar isso.

Barney


How I met your mother

sábado, 27 de outubro de 2012

 No fim de tudo foram poucos os amigos verdadeiros que eu construí. Todos aqueles que eu pensava que eram não demonstram mais isso, e talvez nunca tenham demonstrado de verdade. É quando a gente precisa de alguma companhia que percebemos o quanto somos sozinhos. E é fato: não dá pra formar pares com um número ímpar. E afinal, o ímpar que sobra nessa história sou sempre eu.

Alice.

 
Me disseram que meu problema era que eu guardava tudo pra mim. Então eu fui lá, abri minha caixinha de segredos e dores pra um, ele olhou e... só olhou, pra outro que não deu atencao, pra outro que não tinha tempo, pra um que não se importou nem um pouco, pra uma que pensou que entendia mas na verdade não entendeu nada, pra uma que tentou me forcar a resolver tudo as três porradas, outra que diz que o que posso fazer é pensar.... De que adiantou, eu mesma, já tinha tido todas essas reacoes e de nada tinham me servido.
Eles dizem: você tem de dividir suas dores. Com quem? os outros não querem saber das minhas dores, eles não precisam já tem suas próprias dores para ignorar e fingir que não existem e que são felizes.
Eu já sabia que não poderia contar com ninguém mas confirmar isso foi cair do penhasco sem nenhuma tentativa de alguém tentar segurar meus pés no solo. É uma daquelas verdades doídas que todo mundo sabe mas que todo mundo despreza e acha que nunca vai acontecer com você.
Eu pedi ajuda silenciosamente, pedi sussurrando, pedi escrevendo, pedi cantando, implorei chorando, supliquei abracando, gritei aos quatro ventos, publiquei em todas as mídias, desenhei no meu rosto o que só tornou mais clara a minha invisibilidade e a fraqueza da minha voz. Me veio a completa certeza de minha insignificância.
Reciprocidade é uma merda! Ela é só uma palavra, não adianta eu por minha dor no bolso quando alguém precisa da minha ajuda que ninguém vai fazer o mesmo por mim. Não que as pessoas queiram me ver caída, na lama, sofrendo, sangrando elas simplesmente não querem me ver, não quando eu estou em cacos e sou inútil para seus fins.
E tudo que eu precisava era de colo e abraco.

E eu já sabia de tudo isso, mas a confirmacao doí irremediavelmente. 

Camila A.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Quase nada que eu sei

Need

Porque me deu agora de repente uma vontade danada de abraçar você, mas de corpo presente e ficar junto, sem assunto, deixando a vida passar.
Mário de Andrade.
Eu sei exatamente o que você não quer ser. Mas nós somos humanos, e nós somos egoístas e nem sempre nós fazemos a coisa certa!
In A Hospedeira.   
- Você acredita no “para sempre”?
- Talvez.
- “Talvez “ não é uma certeza.
- “Para sempre” também não.
Para todos os homens que dizem: “Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?”, aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê? Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma linguiça!”. Nada mais justo!
Arnaldo Jabor   

sábado, 20 de outubro de 2012

Eu tento tanto te fazer feliz, mas acontece que eu sou desastrada.
Mallu Magalhães. 

Proust

A garota mexicana que lhe deu o café olhou-o como se ele fosse um ser humano. A pobrezinha conhecia a vida. Uma boa garota. Bem, uma garota suficientemente boa. Todas significavam problemas. Tudo era sinal de problemas. Lembrou-se de uma afirmação que tinha ouvido em algum lugar: Viver era um problema.
BUKOWSKI, Charles. Ao Sul de Lugar Nenhum - Os assassinos.


So I'm a mess babe, I'm a f*cking damage girl boy. You better runaway
Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado.
Pretty Little Liars 
Ela precisa de você. Então volte, perca a hora, entrelace os dedos e fique um pouco mais.
Gabito Nunes.  

Deviamos conversar



Me diz alguma coisa, vai. Me fala tudo aquilo que eu ando louca pra ouvir da sua boca. Sussurra, então. Ou me ensina a receptar telepatia, essa língua que só os inteligentes e evoluídos e incógnitos e brancas-nuvens conseguem decifrar. Porque eu já estourei minha cota de intuição. Diz que me adora, que gosta de mim, que sente saudades minhas e uma vontade insana de me ver em plena quarta-feira. Sei que não muda nada, mas eu preciso ouvir. Ou isso, ou eu pego minha bicicleta e dou o fora daqui. Agora. Sabe, não está dando muito certo, (...) E você só olha meu desespero patético e fica rindo. E então? Como vai ser?

-Gabito Nunes

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Tu me olhas com aquele olhar pré-lágrima e eu tenho vontade de rir.
E me perguntas de novo, quase se respondendo.
- Pequena, não tem como você ficar mais um pouco não? Te preparo um fondue, te compro aquele vinho, te cubro de beijos.
E eu sorrio da tua beleza, tão rara, tão bonita. Dá até vontade de largar dessas malditas regras que criei pra mim e te responder algo como ‘vou só buscar as malas amor, me espera pro jantar’. Mas não dá. Ou eu, ou você, ou os deuses - quem sabe? - iria, iriam estragar esse jeito bonito que tu me olhas, e ia doer. E dor é o tipo de desperdício de tempo que eu não quero mais. Só as minhas, só as que vem de mim. Tá confuso baby? Não entende? Não esperava que entendesse. 


-Não dá, tenho mesmo que terminar aquele livro, pra’quela aula.
Digo enquanto fecho o portão, enquanto luto com uma maldita voz em mim que me pede pra ficar, que diz que seria diferente. Nunca é.
- Eu posso gozar?
- Pode.
- E você?
- Eu vou bem, obrigada.
Só queria seu abraço. Mesmo que fosse de improviso, mesmo que fosse só um.
Mas, um abraço que durasse uma vida.
Annd Yawk

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

É simples ser feliz
Difícil é ser tão simples.

O Teatro Mágico
E eu não tenho ninguém pra ligar na madrugada, dizer que tá doendo pra caralho, vem me ver. Ninguém pra atravessar a cidade por mim.
Caio Fernando Abreu 

Primeiro veio o sol, não parecia poético ou inspirador, tava mais pra uma bola de fogo incandescente destinada a lhe derreter a maquiagem. Eram duas da tarde, e nessa hora ninguém - nem mesmo o sol - tem alguma piedade. Comprou um picolé rosa choque pela impossibilidade de ver qualquer outra cor depois de vê-lo, se perguntou o que ele pensaria quando chegasse e a visse assim, chupando picolé rosa choque. Sorriu. Às duas e quarenta e cinco pegou um livro de Dickinson, e o fechou cinco minutos depois, não queria estragar Dickinson com a espera. Circulou a praça alguma vezes, uns mendigos com olhares longos, sabiam que ela estava perdida. Ela sabia que sabiam. Só alguém perdido pode ver os olhos de quem está perdido. É uma questão um tanto óbvia… não se pode enxergar o interior de um labirinto que não se cruzou. Ele não vem. Ela pensou pela primeira vez às três e meia. Ele não vem. Não é incrível a dificuldade que a maioria das pessoas tem em mentir pros outros e a facilidade que todas tem de mentir pra si? O ônibus quebrou, ele esqueceu de colocar gasolina, a mãe - meu Deus, dona Mirtes! - teve um enfarto. Ou… bem… não, essa não. Resolveu lhe escrever um poema às quatro. 

‘Se você soubesse - monamour, se soubesse - o quanto teu riso é mais bonito que o sol. Não sou poeta, menina ou violão. A única rima que tenho com sol é dó. O que dó faria num poema pra ti? Coisa nenhuma, se você me estendesse a mão.’ 

Achou horrível e escondeu na bolsa, de costas pro livro de Dickinson, que ela também não pode ver. Pensou então que dó e piedade dizem a mesma coisa mas piedade dói mais, estranho. Eram quatro e dez, o sol já não doía tanto. As nuvens escureceram e começou a chover. Tinha sol, tinha chuva, esperava que aquela história da viúva se casar fosse real, imaginou uma mulher com cinquenta calendários vencidos vencendo esse acompanhada e feliz, sorriu. Ela… bem, tinha mais uns dias pra vencer só. Às cinco desistiu de esperar. A chuva passou e a água que ficou no seu corpo a fazia tremer. Se levantou, deixou o poema ruim no banco com uma mancha seca, era onde estava sentada. Observou ele voar até a poça d’água mais próxima, viu suas letras embaçarem, estourarem, se mesclarem, nem Dickinson o leria. Acenou pros mendigos, viu dó neles, dó dela. Não pensou nele, ele não existia mais. O enfarto não foi em Dona Mirtes não, foi nele. Fulminante, morreu na hora. Na cabeça dela, sim. No aeroporto riscou todos os países que tinham alguma letra do nome dele e que rimavam com dó. 
Foi feliz no Uzbequistão.
Cover Page 
Porque eu teimo em querer te resolver, porque eu teimo em ainda insistir em você? Me diz, baby, why?
 Posso ter muitos problemas, mas esse, com certeza, é o pior de todos.
Damn it!

Rolling Stones







Ain't

Os Sonhadores

It is not a competition

 
Se não sabemos jogar, então larguemos os jogos, baby. Os planos que se armam, os testes, as táticas e as armadilhas: para que tudo isso? Sentimento se prova olho no olho, não é? Joguinho de eu-só-ligo-se-ele-ligar ou vou-fingir-que-não-estou-em-casa: por quê? Ou melhor, para o quê? Eu não sei fazer isso, a minha sensibilidade sempre me atropela e acabo sendo o lado que logo cai, diz que não aguenta mais essa dureza toda nas palavras e nos gestos, que dirá os malditos jogos! Sentir se faz com sentir e deveria ser simples como escrever isso em papéis na sua estante. Sem jogos, baby. O empate é para melhor para todos os lados.
 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012



Como quem paga as próprias contas, liguei pra saber como estavam as coisas e as coisas estavam boas. Liguei pra saber o que ele andava fazendo e ele andava jogando videogame, futebol e sinuca, e também frequentando churrascarias e shows de rock ao ar livre.

Na outra semana, liguei pra saber o que tínhamos para hoje à noite e ele não atendeu porque corria oito quilômetros no parque. Liguei ontem e ele estava com vontade de ficar sozinho, havia montes de coisas que ele precisava botar pra frente.


Não era saudade, nem amizade, nem animosidade, nem qualquer outro sentimento associado a afeto, ou seja, nada que o Peter Frampton pudesse roubar para usar numa canção. Era só um garoto.


Era vontade de corpo. Nunca conheci uma garota que não gostasse de ser tocada de vez em quando. Às vezes tenho a impressão de que os rapazes não sabem realmente como funciona a solidão.



Safe in the light that surrounds me
Free of the fear and the pain
My questioning mind
Has helped me to find
The meaning in my life again
 
Dream theater.Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory 

Bob Dylan

 
– Como você está se sentindo? – me pergunta Alice.
– Bem, eu acho. Meio perdido só.
– Eu posso ficar segurando sua mão?
– Pode. Por mim, tudo bem.
The sea was red and the sky was grey
Wondered how tomorrow could ever follow today…
The mountains and the canyons started to tremble and shake,
As the children of the sun began to awake.
Led Zeplin
E o amor, o que você fez com ele? Enfiou no cu? Colocou na máquina de picar papel? Reaproveitou a folha pra escrever atrás? Reciclou? Remarcou pra daqui dois anos? Cancelou? Reagendou o amor? Demitiu o amor?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Coelho,Paulo. 11 minutos



Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca apertada de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queria conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade do voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: “Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá.”
O pássaro, que também estava apaixonada, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos so dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela monstrava para suas amigas, que comentavam: “Mas você é uma pessoa que tem tudo.” Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássar, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio— e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo fisico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. “Por que você veio?”, perguntou à morte.
“Para que você possa voar de novo com ele nos céus”, respondeu a morte. “Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo.”

segunda-feira, 24 de setembro de 2012




(…) O amor não blinda a tristeza e a vida não nos requinta para o amor. O mundo não nos abraça, apenas roda, entorta, aquece, esfria, mutante que é. O mundo nos engloba como mãe, mas nos acaricia como madrasta de conto de fadas. Enquanto gira, atrela a nossa vida a tantas outras, entrega nossos tesouros e sonhos em mãos invisíveis ainda mais confusas que as nossas. E lá se vão mil teorias!

Das lembranças



Gosto do tempo em que sentamos naquele muro baixinho e deixamos o relógio cheio de ponteiros ser mais amigo do que inimigo. Dividimos as frutas roubadas, completamos músicas que começamos a cantar sem mal intencionar as letras e contamos quantos carros vermelhos passam pela rua. Você quer contar os azuis, mas insisto nos vermelho. Você me olha, baixa a cabeça e murmura: “na tua cor é mais bonito”. Como duas crianças sem precisar de um vídeo-game, como dois adolescente sem precisar de festas ou como dois adultos sem precisar da liberdade… Nós e o nosso muro, as nossas árvores, as nuvens que nos dão licença para ver o sol, os carros que nos dão o prazer da distração: a brincadeira pouca de fingir que o amor é inocência, embora “amor” não se falasse em voz alta Fosse o que fosse, naquela rua daquele bairro, naqueles dias que não sabiam se choviam ou aqueciam, naquelas dúvidas bobas que a gente pensa que são da vida: também é amor fingir que não se é. No parque os balanços voam sozinhos e nas estradas os carros ultrapassam os limites. E a nossa vida desse muro ainda infla os pulmões da rara calma de tocar muito sem querer as mãos enquanto apontamos o céu, a esquina, o passante, o palhaço ou balão. A criança ou o pai. O amante ou o irmão. Apontamos os dedos aos demais para não nos apontarmos, mas somos crianças, temos sonhos em cada ponta do dedo que mira as estrelas durante à noite, você aí e eu aqui, sem muro, somente paredes. E se o meu céu estrelado, de repente se rompe por uma estrela cadente, qual o pedido que eu faço?
(Baixinho, pedirei. Tampe os ouvidos. Não ouça)
– Ô moço que manda no mundo, constrói mais muros para nós dois. E árvores… E carros vermelhos.
Vai, destampe os ouvidos. Eu só pedi a nossa eternidade na calma do furacão.
Será que a conversa fica mais interessante entre jogos de sedução ou nós podemos ir direto ao ponto? Eu te vi quando não deveria. Você me tocou quando não deveria. Os tempos exatos não estão sendo contados mais nesta vida, partiram para outra sem mim. Eu sou suspiros… Você é motivos. Vamos, então, direto ao ponto onde o livro normalmente delongaria detalhes sobre o ambiente, as nossas roupas ou gestos. Vamos ser diretos antes que o ar se vá: erramos tanto a hora que nunca mais saberemos ir embora. Mais suspiros. Quem é que está escrevendo esse maldito livro?

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Come fly with me.


please.I think I'm ready but what about you?

Os pensamentos desistiram de passear e não encontrar um lugar. O peito desistiu da liberdade do pássaro solitário, que desistiu de cantarolar a música sem a própria cena de fundo. Desistiu das paisagens sem o ombro para recostar a cabeça pesada, passada, deixada… Desistiu dos banhos em chafariz sem ter a quem molhar com o chacoalhar das suas asas. Eu sou quem voa. Voava. Você é o ninho, o casulo, o abrigo, a cama quente. É para onde eu sempre quero voltar.





Precisei calar para sentir a necessidade de falar. Precisei falar muito para descobrir que o mundo lá fora considera pouco. Se exagerei nos dois extremos, talvez agora esteja reajustando as ideias, colocando a casa em ordem, mesmo que seja apenas essa aqui onde eu me habito para não me expulsar de todas as outras. Se o descaso me fez menor, nem percebi. Se o silêncio me foi ouro, senti. Nas vezes em que a palavra falada foi o choro, o som do não-sei-mais-o-que-fazer, senti que pouco tem peso no oceano mundano a água que cai pelo olho. Eu me controlo, me encontro e me consolo: o dicionário não me cabe o suficiente. A gente se salva, não se salva? É isso que a vida nos dá a entender quando não sabe se quer de nós a água ou o vinho, a chuva ou o sol, o céu ou o inferno… O silêncio ou a voz. A gente se salva, vou repetindo para não desligar o motor antes da hora, tendo medo todos os dias de adormecer no minuto errado e perder de vez as chances de não sei bem o que – me salvar. Eu travo as batalhas e releio as páginas dos manuais, mas nenhum arranhão ou instrução sabe como se arranca uma estaca sem ouvir o chão ranger. Estacas eu tenho; chão eu sou. “Vai te salvar, vivente”, diria alguém lá da fronteira, fechando os punhos com força no estilo mais grotesco/guerreiro, em cima de um cavalo como foram um dia alguns homens “farrapos” que viveram por lá. Meus punhos estouraram e eu sempre caí de cavalos. Contudo, continuamos trapos, farrapos, guerrilheiros.
Em silêncio todos somos uma grande guerra particular. E fica na boca o gosto de sangue que ninguém vê manchar a roupa.
O peito sabe arder e os olhos sabem gritar.
Precisei lutar para engolir: “a gente se salva”.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012




Hoje, lembrei-me da saudade que não manda beijo ou abraço. E lembrei pois era a tua fotografia naquele porta-retrato meio-quebrado-meio-escondido, mas sempre ali. A saudade que não pisa, mas também não acolhe; não promete e nem surpreende. A saudade que… nada. E de tantos “nadas”, de tanto “nadar”, ironicamente falando, morre na praia, ou até mesmo em mim. Hoje, eu lembrei da saudade de falar entre risos um abafado “eu te amo” e de receber daqueles seus dois olhos grandes que me engolem e daquela sua voz que me acostuma mal: “eu também te amo”. Essa tua saudade me para no tempo.


Às vezes me pergunto se existe algo de errado comigo. Talvez eu gaste tempo demais na companhia de meus heróis românticos literários, e consequentemente meus ideais e expectativas são extremamente altos.

In 50 Tons de Cinza

terça-feira, 28 de agosto de 2012

E não deixa de ser ridículo, essa coisa toda. Você sabe que há muita gente muito mais ferrada que você. Gente passando fome, frio, sendo chantageada, humilhada, esmagada. Gente trocando os sonhos por uns trocados, gente que precisa de certezas eternas. As meretrizes da Presidente Vargas vendendo "amor", os escritores de best sellers usando a alma pra criar dinheiro e merda. O câncer da espera inútil. Eu sei, você sabe, há sempre alguém muito pior, e há sempre como ficar pior. Mas essa merda, essas merdas que a gente sente, abrem buracos negros que tudo sugam, que a tudo desprezam. E de repente eu, ser-crítico-que-quase-sempre-se-importa-com-os-abismos-e-precipícios-sociais, viro somente aquela que não para de checar todas as possibilidades, as rotas de fuga e as saídas. Eu, que percebo a tristeza digna de um suicida daquela que esbanja um casamento feliz, de repente cego e só vejo o espelho. O buraco negro. A dor que causo e que me causam, que eu causo e me volta triplicada. E não deixa de ser ridículo, ridículo, ridículo. O centro do universo de repente sou eu, mas não esqueço que sou menos que poeira estelar. —alguma coisa precisava ser dita
(O que sou eu além de uma tentativa?)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Papercuts hurts, work safely.
500 day of summer.

Que porcaria de vida.Tudo comecou com uma brincadeira juvenil idiota, e eu preferiria que continuasse assim. Quantos livros uma garota precisa ler até aprender a controlar seus hormonios quando encontrar alguém? Até a parte do tesao já estava legal. Mas tenho esse carma pra encrenca. SEmpre me digo que é encrenca, nao digo? Acontece que eu nunca acredito em mim.

sábado, 25 de agosto de 2012


Eu sei, as chances de você ser feliz comigo são mínimas. Mas vai parecer egoísta ou doentio se eu te pedir pra sermos infelizes juntos?

Tens tuas esquisitices. Diz que não consegue dormir sem se cobrir toda mas sempre liga o ventilador no máximo. Coleciona marca paginas e sorrisos de crianças. Senta que nem bebê em jardim de infância, com perna de borboletinha, as mãozinhas apoiando a cabeça pelo queixo. Ensaia dança do ventre pro espelho mas socialmente dança que nem a Lunna Lovegood. Faz duas vezes antes de pensar além de pensar muito antes de dizer, tem seus nhenhenhes de mulherzinha. Mas qual mulher não tem? E em você é até bem charmoso. Nada tao relevante quanto sua figura meiga e carinhosa perguntando "tá tudo bem?". Nada mais importante do que teu impeto em cuidar dos outros. Mereces alguém que abra os olhos diariamente e pense "cara, EU to com ela. EU sou o namorado dela". Alguém que goste da tua boca e do sinalzinho charmoso que tens no lábio inferior, do teu ombro de nadadora, do teu cabelo sempre bagunçado, do teu calcanhar cheio de calos, da tua cinturinha, das tuas mãozinhas macias, do cheiro da tua pele, do teu joelho torto.  
 P.S

segunda-feira, 20 de agosto de 2012



Foi alguma coisa que eu fiz? Que eu não fiz? Que você nem queria mesmo que eu fizesse, mas seria legal demonstrar interesse em fazer? “Foi uma coisa que você disse.”

Já sei, alguma das minhas piadas estúpidas. Olha, não vou me desculpar, eu sou assim, se eu tiver que desdizer qualquer bobagem, não terei mais tempo para outra coisa. Não leva sério esse papinho freudiano de que as brincadeiras têm um fundo de verdade.

“Você disse que estava gostando de mim. Foi isso.”

Ah. Bom, isso eu falei sério. Há um penhasco de verdade aí. Isso chateou você?

“Digamos que foi uma frase mal colocada. Despropositada e fora de lugar.

Bom, vou ter que me desculpar por dizer o que eu estou sentindo?

“Eu sei onde você quer chegar. Olha, vou ser honesta contigo, algo me diz que você merece. Eu não sou interessante. Você entende?
Sei como é, só porque eu sou bonitinha, eloquente e meio exótica, com seus olhos você enxerga uma garota inteligente, divertida, culta, impressionante, talvez boa de cama. Eu não sou nenhuma dessas coisas. Eu não tenho graça nenhuma.”Bom, isso quem decide sou eu, não é mesmo?

“Falo sério. Talvez eu até mereça essa sua atenção momentânea, mas a longo prazo sou uma garota que não funciona direito. É como se eu fosse uma vitrola antiga, com a agulha defeituosa. Se você parar para prestar mais atenção em mim, vai se dar conta que eu fico roçando no vinil e atrapalhando a música, provocando aqueles ruídos que dão agonia nos dentes. E sabe o que é pior? Eu não tenho conserto, não há peças de reposição no mercado, sou uma causa perdida. Por que você não abraça uma árvore? Vai dar na mesma.”

Você só anda com problemas de autoestima. Eu acho você bonita e atraente. Você se acha pouco, e por mim tudo bem, eu não preciso de muita coisa para ficar feliz.

“Não. Gostar de mim mesma não é autoestima, é humor negro. Sou realista, não passo de uma boboca vazia e sem glamour. Meu corpo faz umas promessas que meu cérebro não pode cumprir. Eu sou burra, gosto de novela e comédias românticas, não leio Sartre e esses troços.”

Admiro você por não ler livros de filosofia. Quem entende aquele papo? Eu acho que as pessoas dizem que leem Sartre só para parecerem letradas e cerebrais. Esse tipo de gente não me encanta. E você não é burra, é apenas... pop. Como os Beatles.
“Não é só isso. Aí do outro lado você deve estar me imaginando de calcinha e camisetão da Janis Joplin até as coxas, fazendo as unhas do meu pé, no sofá, cheia de esmaltes coloridos espalhados em volta, com aquele separador de dedinhos e tudo. Você deve achar que eu fico bebendo Carménère e escutando Ella Fitzgerald pela casa, na escuridão. Parte da sua admiração são essas visões sexies que você tem. Quer saber, eu estava agora mesmo desentupindo o ralo do meu banheiro, e logo antes liguei para minha mãe perguntando daquela receita de família que tira o chulé. Sabe qual foi meu jantar? Pão, café-com-leite e banana. E agora estou sem as lentes de contato, usando uns óculos que tapam metade da minha cara. E aí, o que você acha, ficou com tesão?”

Não muito. Você só está tentando me afastar. Não está conseguindo. Pelo contrário. É isso que eu gosto em você, seu realismo, sua espontaneidade, sua falta de modos. É isso que eu acho bonito numa pessoa, você vive sua vida, aceita suas limitações, não dá muita bola para o que os outros vão achar. Às vezes eu acho as pessoas tão igualmente diferentes, sempre pendurando idiossincrasias no pescoço e fazendo um esforço tremendo para parecer legal. Você é você. Estou certo que existem almas formidáveis por toda a cidade, mas se eu fui gostar logo de ti, isso quer dizer alguma coisa.

“Eu fico aqui pensando, que problema mental será que você tem pra gostar tanto assim de mim. Inábil, patética, dentes tortos, queixuda, e de cabelos oleosos. O próprio bicho-do-mato. Na escola, eu tinha uns 14, fizemos uma viagem de final de ano para o Chile, e eu gostava de um menino. Perguntei se ele ficaria comigo e ele disse que sim, claro, se o nosso avião fizesse um pouso forçado na Cordilheira dos Andes ou coisa assim. Sempre que um cara diz que gosta de mim, acho que ele está zoando comigo. Sério, a última pessoa que ficou arrebatada por mim foi o dono do circo Vostok, ele disse que tinha uma atração para mim, se fosse embora da cidade com o pessoal. Eu não tenho sal nem sex appeal, eu não sou legal, às vezes coloco um vestido e me revisto umas três vezes por que a roupa parece sempre do avesso. Um dia eu saí na rua depois do banho, fiz uma careta contra o vento e fiquei assim.”

(Risos) Abobada. Tudo bem, Você não é nenhuma Zooey Deschanel, mas você não é feia, só anda se sentindo desse jeito porque não está sendo amada por alguém, no momento. Mas isso pode mudar. Sabe, você não é do tipo que ficaria nem cinco minutos no telefone com qualquer pessoa sem o mínimo de interesse. Se está deixando rolar essa conversa, é porque gosta de mim, ou então já teria desligado e me mandado às favas. Você só está complicando as coisas porque está preocupada que isso possa ser uma coisa importante. Você não quer se comprometer.

“É, eu não quero me comprometer. Eu agradeço sua atenção, mas estou dando todas as chances pra você desistir. Aceite minha oferta e pense bem, caia fora, garoto. Ou eu não me responsabilizo.”

Não existe motivo para pânico. Você age como se eu quisesse descarregar um caminhão de mudança na sua sala de estar. Por enquanto eu só quero te chamar pra sair.

There goes my hero (8)


Um dia, de verdade mesmo, quero gostar tanto de um garoto como eu gosto de, sei lá, de "Old yellow bricks" do Arctic Monkeys ou de comida italiana, de vinho do Porto ou dos sonetos de Shakespeare. Quem sabe levá-o às reuniões de amigos, para ver filmes do circuito cultural ou para participar do meu ritual para comprar um livro, para os campeonatos de xadrez, damas e piadas das crianças da minha família. Ou talvez eu seja eternamente essa causa perdida. Um dia uma menina mimada e entediada no outro duas pessoas numa confusão sem tamanho. Não sei ser mocinha, nem heroína. Não sei salvar ninguém, não sei ser salva muito menos me salvar. Mas como dar uma de super-heroína quando a vilã criminosa a combater sou eu mesma?
 Afinal de contas onde se encontra esse tipo de herói? Esses que não machucam ninguém? Nas novelas, nos livros, no cinema? Acho que não. Se eu pudesse escolher eu seria um desses filmes de  que os caras adoram assistir, aqueles de ação onde o protagonista tem o arquétipo de herói grego: lindos, responsavéis, corajosos, protetores e que sabem guardar seus sentimentos para si mesmos. Mas a coisa não é bem assim. Se tem uma coisa que aprendi com o Sr. Marvel é que, preste bem atenção. todo herói tem sua identidade secreta. Só estou querendo dizer que, sei lá o que estou querendo dizer, acho que quero ir pra casa. Acho que na minha realidade estou mais pra Dory em "Procurando Nemo"- Just keep swimming (8)
P. Sherman, 42 .Wallaby Way ,Sidney.

domingo, 12 de agosto de 2012

Dos conselhos


Amiga, para com isso!Vai viver a tua vida!
Porque ele não vai te ligar e pedir desculpas, talvez não fale com você nem por internet. Não vai se arrepender de nada do que fez, e nem reconhecer que errou. Não vai perceber que está te perdendo aos poucos, ou que já perdeu. Não vai pedir pra que tudo volte a ser como era antes, ele está feliz assim. Não vai dizer para os amigos que sente a sua falta ou algo do tipo, e nem lembrar de você ao ouvir uma música. Ele não vai passar noites acordado pensando no quanto poderia ter dado certo, nem vai ficar imaginando planos que um dia poderiam se realizar. Não vai sentir ciúmes ao ver você conversando com outro menino, e com toda certeza do mundo, não vai passar horas no seu perfil só pra saber como foi seu dia, ou se você se interessou por alguém. Ele não vai perceber que fez a maior burrada de sua vida, nem vai se lamentar por ter perdido a pessoa que o fazia sorrir. Ele não vai compartilhar fotos de casais no facebook, e nem escrever coisas tristes no twitter. Ele não vai chorar, nem sofrer e muito menos morrer de amor. Não vai dar justificativas do por quê de tudo ter acabado, e nem vai querer saber o que você pensa sobre, e nem como você reagiu a tudo isso. Ele não vai sorrir ao te encontrar na rua, e se te ver, não vai ficar pensando o dia inteiro em como seu cabelo estava lindo, ou em como o seu sorriso é estonteante. Ele não vai correr atrás de ninguém, e provavelmente logo estará com a menina mais fácil que encontrou por aí. Ele não vai te amar, isso, se chegou a amar um dia. Sei que vais dizer que sou insensível, agora, as lágrimas vão cair e vais ficar sem falar comigo por uma semana talvez, mas depois vais parar pra pensar e vais ver que tem mais do que feminismo, mais do que eu não acreditar no amor, mais do que meus achismos, mais do que eu ser a "mal-amada", mais do que eu ser a chata realista... nesse meu discurso.Vais ver que eu quero te ver feliz e que é só um conselho que podes optar por seguir o não, são palavras que mostram o quanto me preocupo com você.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012


- E aquele "menininho" de quem você diz gostar?
- Hum..
- O que esse humm seguido desse suspiro significa? Não acredito que realmente gostas dele, que idiota!- Falei rindo mas esperando que ela me desse uma resposta que me tirasse essa apreensao estúpida e me fizesse rir de verdade, ela estava meio aerea e surpreendeu
- Tem vezes que dá um vazio aqui dentro...
- Deve ser fome, Alice.
- Outras parece que ele faz meu coração apertar...
- Seu sutiã não tá muito apertado?
Revirou os olhos e virou o rosto em outra direção.
- Sou meio filha da puta quando eu quero.
- Quando não quer também é.
- Você precisa de uma pessoa melhor do que eu.
- Não preciso de pessoa- Disse num tom de voz tao calmo e com as mãos acarinhando minha nunca que me deixou super confuso.

— Eu não entendo. Eu vivo te zoando, falo mal do seu cabelo, tiro sua concentração quando estás mergulhada na literatura russa ou naquelas músicas que você gosta, te xingo, faço de tudo, mas você nunca briga comigo.
— É que brigar com você é muito trabalhoso. Tenho que ficar irritada, brigar contigo, me afastar. Desirritar, pesar prós e contras e ir te procurar, né, porque você é um metido orgulhoso que nunca dá o braço a torcer… Então aí eu nem faço nada.


-
E quando recebo suas mensagens de texto, ao longe, dizendo meio que genericamente que deseja tudo de bom e sente saudade, 
Tati Bernardi

- Olha a mensagem que ele me mandou!- mostra o celular.
- Hum....
-O que esse "hum" quer dizer?
- Ele deve ter selecionado umas três meninas na lista e mandado a mesma coisa!

*Socos*

Olha, a gente não precisa ser que nem esses casais toscos por aí. Cheios de infantilidade, apelidinhos irritantes, melação de cueca e blá, blá, blá. Nada disso. Não precisamos disso. Não temos de ser tão complicados, também… Não necessitamos de brigas o tempo todo por motivo nenhum, choro, e ciúmes até da sombra um do outro… Certo? Eu não quero ser a sua vida, não quero que cada passo que você dê seja pensando em mim, não quero que você pense em nós até enquanto escova os dentes nem que sua existência se baseie no nosso relacionamento, ok? Eu quero que nós dois tenhamos vida própria… Mas quero compartilhar a minha com você, sabe? E fazer parte da sua. Quero coisas simples e… Saudáveis. Sem masoquismo. Quero que você, talvez, leia aquelas traduções de músicas de amor, lembre de mim e pense que elas se encaixam em nós… E sorria por causa disso. Porque tu sabes,  que quando essas letras de amor fazem sentido… É porque estamos ferrados mesmo. Mas pela primeira vez na vida, quero estar ferrada  de um jeito bom. E danem-se os rótulos.Eles são pros outros, não pra gente.

2broken girls

E nesse joguinho de ficar vendo quem aguenta mais tempo sem tomar a iniciativa, quem consegue segurar o orgulho mais firme… Em um dos dias eu perco e nos outros você não ganha.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Porque todos nós precisamos de alguém para conversar, alguém que vá ouvir, alguém que entenda.

É impressionante como os seres mais "frios" chamam a minha atenção! É como se possuíssem uma mascara, uma casca, uma crosta de ferida sob a pele. E essa crosta é uma proteção natural que encobre algo grande. Sim, uma casca encobre uma ferida muito grande e , geralmente, absurdamente profunda. Enquanto essa crosta for alimentada e mantida, a ferida também será. Por isso fico atenta e me permito mais. Apesar da minha imensa crosta, acabo fazendo minha entrega a fim de dar espaço para que a reciproca aconteça. Sei que quando for a hora de tirar a casca, ou se por um acaso ela cair sozinha, a ferida precisará ser cuidada com esmero e necessitará do curativo certo. Cada ferida tem uma história, sua história, sua dolorosa e penosa história. E eu gosto disso. Acho interessante. Gosto de pessoas com casca.

domingo, 5 de agosto de 2012

Ontem ao sair da sessão cult, fiquei observando os casais amarrados indo embora para casa ou saindo para comer alguma coisa. Se pararmos pra refletir, deixando o ceticismo de lado, podemos perceber como é a coisa mais bonita do mundo quando uma pessoa decide viver pra outra. Justamente por ser a coisa mais difícil a ser feita, se doar. Como sou cínica em relacão  a posicão  desses casais! Julguei-os fracos, mas na verdade era eu quem tinha medo de sair da minha zona de conforto, de me despir da armadura. E o pior é que você ainda segue os mesmos ideais e não vai aceitar ser fraco comigo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


Se ficares porque meus olhos tristes te chamam, porque minha cabeça dura te deixa impaciente, porque meu ar distraído e calmo te intriga, porque minha infantilidade e minha maturidade te irritam, porque minha falta de palavras em voz alta não te assusta e o meu semi-pecado de querer sempre mais não te gasta, então segue ficando. Se ficares por suportar meus poréns todinhos muito bem expostos, então é de você que eu gosto mesmo. Com poréns, de você eu gosto.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Felicidade? Ah não sei dizer não, Alice!  Quando eu era criança, aos domingos meu pai fazia churrasco e minha mãe uma torta de maça e quando todos sentavam para comer juntava risos, conversas, carinhos, sabores e eu sabia. Aquilo era felicidade! Tinham os fins de tarde quando meu avô chegava com um conto novo, eu sentava no colo dele enquanto ele lia e me fazia cafuné na porta de casa. Depois fui andar de bicicleta. Isso foi meu irmão postiço quem me ensinou, ele vivia lá em casa cuidando de mim. Subi naquela coisa de duas rodas e fui pela garagem, primeira vez que senti o vento contra mim, sob o meu controle: Felicidade. Teve o primeiro beijo, a primeira despedida de amigas, a primeira viagem sem meus pais, o vestibular, o primeiro namorado, as "primeiras" e "últimas" vezes de muitas coisas. Tiveram os encontros, os filmes , as músicas, as peças, os livros, Shakespeare, Lispector, Austen... as perdas que me fizeram aprender, as conquistas, a vez em que bebi demais, a vez em que cuidei da amiga bêbada e ela soube agradecer...O ultimo parabéns que ganhei daquelas pessoas especiais, as pessoas especiais que cruzam meu caminho e as que resolvem ficar nele. Pessoas, dias "coisinhas" no diminutivo pela simplicidade que só aumenta a emoção.Tudo isso foi felicidade, é felicidade! No momento em que os dias grandes e pequenos, as idas e as voltas, o romance e a despedida, o joelho quebrado ou a festa surpresa  pararem de contar momentos felizes eu vou saber falar. E olha, Alice, eu continuo querendo não saber falar.

Você me acertou um tiro. Pensei que uma parte de mim tinha se esvaído. Mas foi exatamente o oposto: era vida. Era pra ser um nocaute mas foi carinho. Era pra ser minha queda mas foi subida. Mas você surpreendeu ao levar, roubar e abrir um coraçao  de guerras travadas e perdidas e de fechaduras a sete chaves.
Parece que salvastes um romantismo sem endereço.


Na verdade, vou dizer a Sarah que precisamos começar um novo movimento filosófico: confusionalismo em vez de existencialismo, para os que se alegram com a confusão essencial que é a vida. Porque a vovó está certa, nunca há apenas uma verdade, só um punhado de histórias, todas acontecendo de uma vez, em nossa cabeça, em nosso coração, uma passando por cima da outra.
O Céu esta em Todo Lugar by Jandy Nelson

Hoje acordei com a necessidade de demonstrar como me sinto, - nunca fui muito boa com isso, sempre fui meio aérea e confusa e me enrolo demais quando tenho que explicar alguma coisa. Mas hoje, indescritivelmente, me veio uma necessidade de demonstrar, de me explicar, de deixar transparecer. Eu tô emotiva, emotiva daquelas que se tu me der um sorriso, só por educação, eu vou te dar um abraço apertado e dizer: “Cara, como eu te amo!” Eu tô sentindo essa necessidade de dizer para aquelas pessoas que tanto amo e me fazem bem, o como sou grata por elas estarem na minha vida, - de fazer cada sofrimento e decepção, não passar de uma coisa boba e idiota - só por estarem ali, sempre perto de mim, mesmo que seja perto, só em pesamentos.
The Dream Girl, indescritivelmente.