terça-feira, 28 de agosto de 2012

E não deixa de ser ridículo, essa coisa toda. Você sabe que há muita gente muito mais ferrada que você. Gente passando fome, frio, sendo chantageada, humilhada, esmagada. Gente trocando os sonhos por uns trocados, gente que precisa de certezas eternas. As meretrizes da Presidente Vargas vendendo "amor", os escritores de best sellers usando a alma pra criar dinheiro e merda. O câncer da espera inútil. Eu sei, você sabe, há sempre alguém muito pior, e há sempre como ficar pior. Mas essa merda, essas merdas que a gente sente, abrem buracos negros que tudo sugam, que a tudo desprezam. E de repente eu, ser-crítico-que-quase-sempre-se-importa-com-os-abismos-e-precipícios-sociais, viro somente aquela que não para de checar todas as possibilidades, as rotas de fuga e as saídas. Eu, que percebo a tristeza digna de um suicida daquela que esbanja um casamento feliz, de repente cego e só vejo o espelho. O buraco negro. A dor que causo e que me causam, que eu causo e me volta triplicada. E não deixa de ser ridículo, ridículo, ridículo. O centro do universo de repente sou eu, mas não esqueço que sou menos que poeira estelar. —alguma coisa precisava ser dita
(O que sou eu além de uma tentativa?)

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