terça-feira, 5 de junho de 2012

Das cartas



Alice,
O romantismo se foi de mim. Pensei que assim seria bem mais fácil. Realmente é. Fácil demais. Sem romantizar, cada gesto, cada olhar, cada toque nem foi tao complicado para a virginiana detalhista em mim. Tudo é só o que é, não vejo mais nada por trás, cansei de analisar as pessoas e o que elas fazem como se estivesse lendo alguma história de Poirrot, Sherlock ou mais um do Sidney Sheldon. É bom?Sim. Mas é só isso. Bom. Era o que eu queria. Sim, era. Você sabe. É o que eu sempre quis, não me envolver demais, não me jogar num relacionamento esperando que os bracos dele me apararem e me deparar com o chão duro e seco.
Você deve estar achando isso muito triste.Eu sei. Realmente é. Eu sinto falta. Sinto muita falta. Você sabe que fui muito mal acostumada em relacao a isso.Você sabe que o fácil sempre me agoniou, Alice. Você sempre soube das minhas ambicoes. E que apesar de eu achar o amor a coisa mais feia do mundo, eu queria muito ele. Sei que você nunca vai entender essa minha contradicao, de pensar que o amor é um mito e ao mesmo tempo nunca desistir dele.
What am I suppose to do, little Alice? Aquela música da Adele me veio a cabeça nesse momento, aquela do clipe que voce adora, aquela que diz "Should I give up?Or should I just kepp chasing pavements?Even if leads nowhere. Would it be a waste?" Acho que isso resume tudo que estou tentando te dizer, Alice.
Porque não podemos ter os dois? Eu queria um Dani Zuko me levando pro drive in e me dando o anel dele para tentar pegar em lugares onde nao deveria, queria um Judd Nelson levantando os punhos no ar porque sabe que me ganhou, queria um Patrick Swayse me dando aula de dança, queria andar num cortador de grama com um Patrick Dempser,  queria alguém me esperando do lado de fora da igreja que nem o Jake de Gatinhas e Gatões, queria alguém como o John Cusack segurando  um estéreo na frente da minha casa , tocando alguma coisa como Careless Whisper do  George Michael.
Você deve estar morrendo de rir de mim agora Alice. É eu sei que não estamos mais nos anos 80, e que minha vida não é um musical nem um filme do John Hughes.Eu só queria aquela coisa selvagem e romântica que os "caras" daqueles filmes tinham, nos meus relacionamentos. Só queria  não ser só um objeto sexual, nem só um objeto de devocao. Não sou uma p*ta ou um deposito de esperma (isso soa dégoûtant mas cansei de usar só palavras doces), mas também não sou a Virgem Maria para que me coloquem num altar e a mencao de querer me levar para um me dá coisas. Sim, eu tenho desejos e hormônios selvagens. Sim, meu coracao é de porcelana. Porque ninguém vê minha dualidade Alice? Eu sempre vejo e aceito os melindres de todos eles,eu até gosto dos defeitos que os tornam lindos, não lindos por terem dinheiro ou corpos malhados, lindos por serem únicos, por causa do caráter deles. Acho que eles não viram nenhum desses filmes e os que viram tem o defeito enorme de terem suas vidas no Velho Mundo.
Eu só queria ter um relacionamento feliz, equilibrado, com muitos abraços, carinhos e palavras doces mas muita paixão e selvageria também, queria que eles soubessem dosar as medidas, queria que eles percebessem.
Mas você sabe eu acabo desistindo de pensar, de tentar faze-los ver, então as vezes eu escrevo, as vezes eu faco alguma massa, as vezes eu faco brigadeiro, agora estou esperando a pizza assar no forno.
Camila A.

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