Que tenha flores no meio do caminho!

-Pequena me diz uma coisa...?-Ele diz colocando um talo de folha entre os dentes, meio Neanderthal, meio rustico, meio do campo.
-Hum-Ela murmura sem tirar os olhos do livro, seus olhos correndo pela pagina e os óculos na ponta do nariz!
-No que você espera que a gente vai dar?-Pergunta. Pegando os lados do pequeno rosto dela- como ela era delicada, como era pequena, as mãos dele cobriam o rosto dela do queixo a testa facilmente- e levantou o rosto dela procurando atencao.
- Hum.Em que sentido?Os olhos grandes dela olhavam para a expressão de personagem de anime dele, lendo diversas perguntas, esperanças e desilusões naquela simples pergunta.
-No sentido futuro. Ele responde colocando aquela mecha teimosa atrás da orelha dela, mas logo vem a brisa e faz o cabelo cobrir o rosto inteiro dela!-Ele só consegue ver o sol refletido naquele negrume de fios.
-Ah, Talvez a gente flua feito um rio continuo, talvez sigamos o curso das ondas do mar com marés a merce da lua.Altas.Baixas.Violentas.Sensuais. Ou talvez a gente de frutos como a arvore que inspirou a gravidade de Newton!Quem sabe onde a gente vai dar?Quem sabe o futuro seja tao ruim a ponto de querermos andar feito caranguejo?Ou talvez ele seja só um menino medroso feito você, que acha que somos só um pequeno junco.-Ela responde aproveitando a brisa, fechando os olhos e sentindo o vento sussurrar uma melodia quase Vivaldina em seus ouvidos, ela acarinha a mão dele e o envolve em seus bracos feito criança.
-Não.Eu não penso que sejamos um pequeno junco!Eu sou um pequeno Junco e você, você é um majestoso carvalho!Um que me fornece sombra fresquinha e nutrientes para que eu siga essa vida miserável, você é quem me ensina a fotossintese, mas você não deveria estar comigo, você é...-As palavras fogem, ele não faz a menor ideia da maluquice que se passou na cabeça dela quando ela inventou de se relacionar com ele e isso o deixa maluco!Como ela não vê que ele não presta!Que ela merece coisa melhor!Que ela tem um leque de frutos para escolher, que não precisa se contentar com alguém que dá frutos de sabor travoso!
-Mas, eu não sou nenhum Sol!Muito menos água!- Ela reponde, abre novamente o livro, acaricia o cabelo dele enquanto ele deita no seu colo- Não pensa no futuro, o futuro é feito de momentos, só aproveita o momento!Aproveita comigo!
Ele sorri e a beija!Ele sabe que vai ter que faze-la ir. Mas não agora!Não enquanto seus dialetos se misturam no entrelaçar das línguas, exatidões e subjetividades. Se ela não se importa com as diferenças, com o que os outros esperam dela, e eles tem aversão a ela junto dele, ele quer fazer com que ela entenda o quanto ela o mudou, o quanto ele descobriu coisas que esperava que não existissem naquele beijo.
São olhos fechados, respiracao cortadas, suspiros e bracos que não querem se soltar!