quarta-feira, 25 de abril de 2012

"Ele é um menino que não pode acompanhar minha louca linha de raciocínio meio poeta, meio neurótica, meio madura, meio isso, meio aquilo! "

And I Threw stones in the stars while I tried to have some fun without feelings but, the whole sky felt!


-As estrelas não podem ser resultado disso. A explosão que nos criou não pode ser a mesma que criou as estrelas.
Ele assente. O olhar perdido e meu cabelo entre os dedos.Ele nem sequer está me ouvindo.
-Por que nós somos restos, certo? Nós não somos o foco, o centro de tudo… Dessa coisa enorme. Nós não somos os principais. Somos um pedaço desse distúrbio.

-Somos tripas(…) - sua voz sai meio rouca, suas mãos caem vagarosamente envolta da minha cintura, seus olhos "mel" se encontram com o meu rosto que não vejo, mas sei como é. Penso que são "mel" demais para o azedume em que vive. Tive certeza que ele falaria que eu estava dizendo mais uma grande besteira. Calou-se.

Me senti mal sendo eu. Perto dele, achei que jamais me sentiria assim. Senti. A culpa de não poder ajudá-lo pesou em mim. Fechei os olhos numa última tentativa de mudar quem eu sou, numa tentativa de me descomplicar para poder me divertir e faze-lo se divertir sem neuras. Os olhos podem abrir um novo mundo, eu tenho certeza. Não, não tenho, mas queria ter. Se eu não sentisse culpa, seria uma pessoa melhor?

-Suas vontades são um segredo. - falou, e pareceu alto demais no abismo que nos unia. Era uma verdade em voz alta: essas gritam.

 Olhei-o com um pedaço de sorriso. Percebi seus olhos de poeta bêbado emoldurados por um dos sorrisos mais bonitos que eu já vira.Então eu tomei uma decisão, uma que iria acabar com essa fuga, com essa vontade que a gente tinha de se enganar.

-Eu vou trocar a agulha. - me levantei.

Olhou-me com cara de bobo, tentando segurar minhas pernas no colo dele.

-Não percebe que o problema é com a música?

Olhou-me, sem entender mais uma vez.

-Por que temos que ser assim? - ele pergunta sem mudar a expressão de desamparo.

-Porque temos que criar papéis para poder sobreviver a essa bagunça toda! Eu nem sei quem eu sou agora. Não sei nem quem amo… Eu amo alguém? O que estou fazendo junto de você? Eu não sei nem…

Me lembrei de sua mão fria segurando a minha, de seus lábios beijando-a com uma terceira intenção, lembrei das suas mãos explorando meu corpo enquanto seus olhos carregados de desejos sucumbiam em minhas pernas, quando eu me despedia de alguma personagem tímida e santa que me compunha.

-O chão está tão frio. - eu disse, voltando para cama. Mal reparei que chovia lá fora.

-Por que não aceitas o chão?

-É ele que não me aceita.

-E meus pés?

-Terão que ir com você.

-Estou cansado, de você não saber o que quer.

(...)

-E suas mãos? Ele pergunta fingindo um olhar carinhoso em direção a elas, mas tendo os pensamentos mais sórdidos.

-Não sabem vir comigo sempre.

-Nem deveriam.

(...)

-Você cuida de muitas plantas. - ele acusou.

Balancei a cabeça, rindo baixo. Bem baixo.

-Não se preocupe. Eu não vou deixar de cuidar de você.

-Como se eu precisasse!Não estou te pedindo nada!

Estendi minha mão e acariciei seu pescoço esguio, passando minhas unhas suavemente e carinhosamente pelas sua costa desnuda.

-Acordos são muito pequenos para nós. O mundo é nosso.

Ele sorriu.

-Vou mudar a agulha do disco. - disse, me levantando. - A gente só fez isso pra procurar uma salvação. Pra não cair de novo naquela coisa boba chamada amor, I know.


2 comentários:

Diogo disse...

Que tocante menina!Um relacionamento sem sentimentos mas cheio de amizade, penso esse ser o melhor que existe, sem ter que muito com o que se preocupar, preciso de um desses porque amar tá foda!

Matheus disse...

Pow K-mila!Que história é essa?Que pouca vergonha!O que o Shakespeare iria pensar de uma coisa dessas?kkkkkkkkkkkkkkkk
Nao entedi nada!Explica ae!