segunda-feira, 30 de abril de 2012



Ele olha pela janela, vê toda aquela selva de pedra, o retangular dentro todo enquadrado, o cheiro é de pressa, de café quente esfumaçando prazos, a velha rotina comercial aberto de 8 ás 18h. Imagina o que ela está fazendo, aquela pequena imprevisivel!Olha o telefone, e vê seus dedos tremeluzirem o numero dela, ele não se importa com ligacoes internacionais, ele só quer saber o que ela vê pela janela do quarto branco dela e se ela está pintando ou escrevendo com aquelas asas de papelão.
A rua lá fora continua barulhenta, só ele ouve o próprio coracao  acompanhar o ritmo da chamada do telefone. Ela não está em casa!Ou está mas está distraída demais em seus devaneios para sequer ouvir o telefone, ou talvez ela já esteja dormindo.Maldito fuso-horário!
Ele olha o relógio na cabeceira, e faz as contas mentalmente....è ela deve estar dormindo!Dormindo...Será que ela ainda dorme com a minha camisa? Será que ela ainda sente meu cheiro nela?Não.Deve estar impregnada com o cheiro dela.Ah...!O cheiro dela. É madeira É mentolado.Cítrico.Floral.É um combinacao, perfeita de aromas, é um cheiro natural que a brisa traz, é minha amortecia!Ou talvez ela esteja em uma festa, daquelas que começam mal e terminam pior, com o copo cheio de coragem, dançando, ah ela adora dançar-e ele ri sozinho bem baixinho-ela não sabe dançar, ele lembra. E deve ter algum moco olhando pra ela, imaginando o que fazer para te-la, mas ela nem nota. Ele nunca entendeu o que ela vai fazer nesses lugares.Ela sempre dizia que as pessoas interessantes não frequentavam esses eventos sociais que exaltam o status, então porque ela ia?Era atrás de romance?Mas ela dizia. e com suas atitudes dava a entender. que se precisasse de romance iria na estante atrás de Joyce ou Austen.
Como ele queria te-la por perto, abraca-la e nunca mais soltar!Ele abre a gaveta de cabeceira e procura a foto dela, dentre as paginas da Odisseia, ela está estonteante nessa foto, sentada no balanco, rodeada pelas violetas que ele plantou no quintal do avo, era o dia do primeiro beijo deles.Ela olhava para a lua e dizia algo sobre ser a mesma lua que inspirou Shakespeare e que tinha vontade de saltar daquele balanco em direcao a lua.
A campainha dele toca, as lembrancas se esvaem. È a menina eslovaca, ela fala ele não entende, ela é só uma distracao, ele a beija! Chama o nome da pequena que está  longe, com o cabelo da moca que se parece tanto com ela entre os dedos, mas ela nem repara, ele teve a sorte de as duas possuírem o mesmo nome!

Nenhum comentário: