quinta-feira, 6 de junho de 2013



não acredito. é ela. com ele. claro, isso tinha de acontecer. mais cedo. mais tarde. padaria de merda. ela está em todos os cantos dessa padaria. a nossa padaria. e agora ela vem com ele. que é bem o tipo dela e que ela me jurava que não era. que não é. coisinhas tão pequenas. ela não me viu. está com aquelas amigas, tão chatas. elas entrando, eu saindo. perfeito. se eu passar na boa, ninguém me nota. que cara ridículo. bem o tipinho dela mesmo. fôdasse. pago. vai logo com o troco. vai rápido, senhorita do caixa. troco. obrigado. vou-me embora. ela me viu. saco, as amigas me viram. saco. que ridículo. o que eu faço? finjo que não é comigo (e não é mesmo, oras). saio da padaria. cabeça baixa. sinto que é preciso passar alguma coisa pela minha cabeça. nada. sinto que preciso ter um grande pensamento. nada. abro o caderno, não tenho absolutamente nada pra escrever, mas escrevo: “ESCREVENDO ALGUMA COISA PARA PARECER QUE ESTOU ESCREVENDO ALGUMA COISA”. fecho o caderno. agora sim. que cara ridículo.

— J.Castro

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