domingo, 20 de maio de 2012

Krum




E quando leio eu me dispo, me dispo dos meus conceitos, dos meus pré-conceitos e minha pele transpira a poesia e os versos ficam tatuados, submersos na minha derme. Meus livros são minha roupa, enquanto as menininhas vão as Herings e Burkes da vida para incrementar suas producoes com os últimos artigos da vitrine, enquanto elas se mascaram com Mac, enquanto elas calcam scarpins eu vou á sebos cavucar mais um livro raro,daqueles que ficam bem escondidos, eu me mascaro com o Urucum das Amazonas  e ando descalça pra que meus pés não esqueçam de tocar o chão!
Garotas normais vão a festinhas que começam mal e terminam pior, vão para disputar quem é o ultimo biscoito do pacote, passam um dia inteiro cuidando do cabelo, disfarçando as imperfeicoes com pó compacto, horas em frente ao guarda-roupa decidindo o que vão vestir e ao chegar vão caçar sua próxima presa. Eu sou do tipo que fica em casa lendo Shakespeare mais uma vez, tomando um chá e ouvindo o 21 da Adele, aí as vezes eu decido sair porque um amigo me ligou e está entediado e quer me levar pra esses rituais sociais para que eu possa  dar uma de Catarina, de Beatrice, de Porchia e salvar a noite dele, eu rio, aceito calco uma rasteirinha ou um Oxford, pego o primeiro vestido da gaveta e solto meu cabelo e depois de 15 minutos eu to na casa dele onde passo 30h esperando ele se arrumar.
Depois de conversas bobas, frituras e abraços, eu sento no balcão do bar enquanto ele dança com um cara que ele quer pegar, abro meu Balzac e aparece um desavisado, me achando curiosa, exótica, quem afinal de contas vai num pub pra ler?Quem consegue ler com uma música de estourar os tímpanos tocando?Quem consegue ler em meio ao suor daqueles que fazem movimentos vulgares que consideram passos de dança ?Só sei que quando abro um livro, entro em transe e tudo congela ao meu redor, é como Lucy entrando no guarda-roupa e indo parar em Nánia, como Alice seguindo o coelho branco e entrando no país das maravilhas ou Neo tomando uma pilula e indo parar na Matrix.
E o desavisado  poe a mão no meio da pagina do meu livro e pergunta se pode me pagar uma bebida. Olho pra ele, ele tem dentes muito brancos, pele alva, cabelo bem preto, tem as macas do rosto coradas não sei se naturalmente ou se meu olhar examinador causou essa reacao, ele tem bracos muito fortes e dá pra ver pela camiseta branca apertada que tem a barriga bem dividida, aí não sei qual meu problema, mas esse tipo de cara é bom de olhar mas logo me fazem perder o interesse a mente deles é tao fina quanto as pernas que esqueceram de malhar na academia(da maioria deles, sempre há excecoes a regra).
-Você pode fazer o que quiser, estamos num país livre! digo sem nenhum animo e tento voltar para o meu livro.
Ele ri.Pede um Bloody Mary-E pra você?O que você quer?
-Hum.Eu quero um braco mais forte, um milhão em barras de ouro, uma biblioteca no jardim e um amor assim tipo pra vida inteira .
Os olhos dele se arregalam e ele abre um sorrisinho de canto-Um Jack Daniels pode ser?

Nenhum comentário: