terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Brincando comigo

Eu estava no meu quarto, no meu lugar
Com minhas coisas, preciosamente minhas
Coloridas, preto e branco, esfumaçados
Coisas de diferentes gostos, que não combinam e brigam por seu espaço no meio do desarrumado
Olhando pra aquilo eu era um enigma, uma interrogação um mistério
Que coisa louca eu “tou” à toa
Eu “tava” brincando, que coisa boa, quanta graça
Descobrindo-me por acaso, eu era tudo, não era nada.
Olhei no espelho:
Olhos indígenas olharam de volta,
Nariz tipicamente africano, sorriso metálico,
Pele cor de jambo,
Cabelo” enrondulado
Ombros de uma nadadora,
Braços de lavadeira,
Mãos de princesa,
Pernas de jogadora de futebol,
Pequena como uma oriental,
Com bunda de mulata,
Pé chato de português...
Era alguma historia, não conseguia ler aquela historia,
Parecia uma imensa bobagem, mas não era não
Eu não conseguia juntar as peças
Mas aquilo me importava e como.
Abri o guarda roupa:
Aquilo era alegria, era hippie, era triste
Black, Pink, lilás, floral, estampado, cheio de babados
Eram roupas infantis com desenhos estranhos e na contra mão roupas de trabalho delicado
Roupas curtas e longas
Roupas loucas, dos anos 80, fantasias, de danças
Roupas com frase de esperança
Roupas simples e sofisticadas
Roupa esporte, social, básica
Era engraçado, era confuso e eu continuava com a dúvida ainda não conseguia me decifrar.
Eu meditei, orei, rezei completamente crente de que descobriria algo, teria alguma “visão”
Era totalmente misturado, era sertanejo, era romântica, era emo, gótico, punk, básica, moderna, clássica... O que eu era?
Seria pop ou rock? Comédia ou terror?
Era tudo do nada
Era fantasia, era real
Prosa e poesia, letra e melodia, noite e dia
Labirinto sem saída, eu era a saída à luz no fim do túnel
Mas eu via a mulher frágil, amenina forte, a jovem na escuridão com sua cruz
Via o invisível aos olhos
Bonecas conversavam com os livros e os discos coisas surpreendentes, erradas, davam respostas que o mesmo signo, ascendente e lua que eu leio são apenas uma em mil possibilidades que eu posso ser uma possível entre as impossíveis
Das 1001 maneiras que eu venho a ser nenhuma delas deixa de ser eu

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