sexta-feira, 6 de julho de 2012

Lucas morreu, Victor sumiu e Henrique nunca veio.

Lucas está morto. Eu o matei. Que agora toque a Marcha Fúnebre, que Chopin soe pelos meus ouvidos e pelos ouvidos de quem agora me ler, ele tocava Chopin tao perfeitamente! Lucas está morto, vou chorar… Mas por que hei de chorar se fui eu quem o matei? Oh! Se arrependimento levasse a morte… Estaria eu agora a valsear com meu querido Lucas. Nós dois, mortos e juntos como Romeu e Julieta, eternizados numa dança sem passos e compassos, contentes e sozinhos, mortos! Lucas morreu, e eu, a assassina, ainda permaneço viva – o que me parece muito injusto. Vejo Lucas passar de lá para cá com seus olhos azuis cor de noite e um sorriso tímido  nos lábios, cantando blues e atraindo olhares femininos, mas não posso lhe dizer olá  você leu aqueles contos celtas?e depois um adeus, não posso mais me importar e o importunar. Lucas foi morto,por mim, ele agora pertence ao mundo e não mais a mim.
Oh! Victor desapareceu. Já pensei em por anúncios por aí, citar em jornais, falar em rádios e na tevê, dizer a todos e ao mundo. Meu Victor sumiu, não tenho mais nenhum. Com quem hei de me sentir insegura e boba? Em quem hei de descontar todos meus carinhos? Quem há de falar os discursos mais ignorantes e me fazer ter vontade de lhe calar a boca e tentar fazê-lo com um beijo? Quem me bagunçará os cabelos quando eu acabar de fazê-los? Quem ficará com cara de bobo e boca silenciada enquanto eu tento aproveitar do contato fisíco? Que tragam logo este ingrato de volta, que o devolvam logo para mim. Preciso gargalhar com alguém!

Canso-me numa espera gozada. É a presença que não chega, a ausência que judia. Onde está Henrique? Por que nunca vem? O que há com essa estrada que se estende e o atrasa? Quero meu Henrique aqui e agora! Não sei como é tê-lo, por isso cansa-me ter que imaginar e já não sou tão criativa assim para trazê-lo aqui dessa maneira utópica. Quero Henrique de carne e osso, com erros e acertos, até com cheiros e odores. Simplesmente o quero. Sim, Senhor.
Então, de repente, Lucas ressuscita, Victor reaparece, Henrique chega.
Os três homens embravecidos se reúnem em minha sala… Que é que eu vou fazer?

Um comentário:

Paulo Sérgio Costa disse...

Deixa os três pra lá, moça!Fica só comigo!