terça-feira, 31 de julho de 2012

Mas dá um frio na barriga, um tremor, um medo de depender de alguém, de sofrer, de escolher errado, de lutar por algo que não vale a pena. Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir, mas quando tem que ser, não adianta, será.
Caio F

sexta-feira, 6 de julho de 2012

- É melhor você acreditar, eu não sou isso que você pensa, não tenho todas essas qualidades que você pinta. Por favor, pare de me olhar como esses olhos de...Capitu!
-Capitu?
-De cigana obliqua e dissimulada!
-Não são olhos de Capitu! Eu te amo moça, são olhos de quem ama!
-É melhor você não dizer essas palavras, você leva elas a sério!
-Eu te amo minha menina moça!
-Você não sabe o que diz!Não sabe o que isso significa!
- E você com todo seu conhecimento em semiótica e analise do discurso sabe bem o que isso significa e isso é o que realmente importa!E eu digo isso com todo o coração, com a mão suada, com o olho tremendo e querendo muito te abracar.
-Eu sou uma bagunça! Você não pode sentir nada por mim!
-Você é incrível! É um misto de Polyana com Amélie Poulain e pessimismo!
-Sabe, que ainda não assisti esse filme nem li esse livro?
-Então leia, assista e lembre de mim!Do quanto eu te amo, moça!
(...)
-E você acha que me convence com esse papinho de último romântico!
-Você leva a vida com rédeas curtas!
- O que queres dizer com isso?
-Que tens medo daquilo que não podes controlar! Me deixa te fazer feliz, moça!
- ELE me faz muito feliz!
-Porque você só GOSTA dele, ele não te abala, não te deixa insegura!
- Com ele eu posso ter as minhas mil faces, ele é a melhor companhia que eu poderia encontrar.
- Mas não é amor moça!
- Amor não existe, não o amor romântico!
-E o que eu sinto por você, é o que então?
- Você deve estar com sérios problemas mentais, meus ferormônios não são de nada pra você estar assim!
- Explicações lógicas! Você tem que ter fé!
- E você tem que se conformar que eu gosto é DELE!
-Mas eu sou o segundo da fila, e ele tá indo embora você sabe! E você vai ficar carente, vai precisar de companhia pro cinema, de alguém pra conversar bobagens e seriedades, de alguém pra te dar teus tao estimados abraços, de alguém que te faça gargalhar, de alguém pra inflar teu ego e ninguém faz isso melhor do que eu.
- Na verdade, você não é o segundo da fila...
-Não faz isso comigo moça!Não mente pra mim, para de tentar me fazer acreditar que você é como as outras, sei que não és.
-Sou bem pior!Sou uma bagunça, sou problema!Para de tentar me convencer, você só vai se machucar!
-Se machucar faz parte!
-Não sinto nada por você, você sabe!
-Isso não quer dizer que não possa sentir num futuro próximo, me deixa te conquistar moça?
-Eu gosto é dele!
-Eu posso ser aquele que te meche o gingado então!
-Acho que já tenho alguém que faz isso também!
-Quem moça?Sei que não é ele!
-(...)
-Tem uma música do Raul que se encaixa perfeitamente nesse nosso momento: A maça. Conhece?
-Sim. Mas não tem nada a ver!
-Claro que tem!Mas não importa!O que interessa é que não vais se livrar de mim com essas mentirinhas, não vou desistir de alguém incrível como você, não interessa se sou o último da fila!

-

Lucas morreu, Victor sumiu e Henrique nunca veio.

Lucas está morto. Eu o matei. Que agora toque a Marcha Fúnebre, que Chopin soe pelos meus ouvidos e pelos ouvidos de quem agora me ler, ele tocava Chopin tao perfeitamente! Lucas está morto, vou chorar… Mas por que hei de chorar se fui eu quem o matei? Oh! Se arrependimento levasse a morte… Estaria eu agora a valsear com meu querido Lucas. Nós dois, mortos e juntos como Romeu e Julieta, eternizados numa dança sem passos e compassos, contentes e sozinhos, mortos! Lucas morreu, e eu, a assassina, ainda permaneço viva – o que me parece muito injusto. Vejo Lucas passar de lá para cá com seus olhos azuis cor de noite e um sorriso tímido  nos lábios, cantando blues e atraindo olhares femininos, mas não posso lhe dizer olá  você leu aqueles contos celtas?e depois um adeus, não posso mais me importar e o importunar. Lucas foi morto,por mim, ele agora pertence ao mundo e não mais a mim.
Oh! Victor desapareceu. Já pensei em por anúncios por aí, citar em jornais, falar em rádios e na tevê, dizer a todos e ao mundo. Meu Victor sumiu, não tenho mais nenhum. Com quem hei de me sentir insegura e boba? Em quem hei de descontar todos meus carinhos? Quem há de falar os discursos mais ignorantes e me fazer ter vontade de lhe calar a boca e tentar fazê-lo com um beijo? Quem me bagunçará os cabelos quando eu acabar de fazê-los? Quem ficará com cara de bobo e boca silenciada enquanto eu tento aproveitar do contato fisíco? Que tragam logo este ingrato de volta, que o devolvam logo para mim. Preciso gargalhar com alguém!

Canso-me numa espera gozada. É a presença que não chega, a ausência que judia. Onde está Henrique? Por que nunca vem? O que há com essa estrada que se estende e o atrasa? Quero meu Henrique aqui e agora! Não sei como é tê-lo, por isso cansa-me ter que imaginar e já não sou tão criativa assim para trazê-lo aqui dessa maneira utópica. Quero Henrique de carne e osso, com erros e acertos, até com cheiros e odores. Simplesmente o quero. Sim, Senhor.
Então, de repente, Lucas ressuscita, Victor reaparece, Henrique chega.
Os três homens embravecidos se reúnem em minha sala… Que é que eu vou fazer?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

500 days of summer

Let me kiss you hard in the boring rain...

Então eu te entregaria todo meu romantismo barato, todos os meus clichês e a menininha dos meus textos mais doces. Repetiria meus mais eloquentes, e mesmo os mais sem sentindo, discursos. Te daria meu toque suave, minha voz baixinha e o  calorzinho de estar nos meus  abraços eternos. É só você fingir que não se importa com meus melindres e me deixar soltar minha parte marginal; e então tentar, não me consertar, mas me mostrar melhores possibilidades além desse tipo de tristeza na qual me viciei. Eu te dou atenção, muito carinho e você me retribui com sua companhia. Se eu me doar você me segura?
Se eu pudesse ao menos escrever tudo desse teu olhar, te ganharia em uma só carta, em um breve texto.
Veja bem, sem nem citar os sorrisos...

quarta-feira, 4 de julho de 2012

 "Engraçado, não gosto do meu quarto - das paredes, dos móveis -, mas gosto demais das coisas que posso ver pela janela. Das coisas que estão fora dele, porque o que está aqui dentro eu acho muito parecido comigo.
E eu não gosto de mim."

Caio F.
❝ Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer. ❞
— Machado de Assis


Você tem essa capacidade incrível de me olhar devagar quando todos passam correndo e me olham de esguelha, sempre me enxergando melhor do que sou. Transformando minhas quedas em passos dramáticos de dança, minhas desilusões em pontes para meus sonhos, minhas procuras em encontros, minhas letras em melodia...
De repente você chega em um tarde chuvosa, senta do meu lado enquanto leio um best seller pra tentar enfeitar o mundo e limpa minhas asas, olhamos longamente um para o outro e pensamos que podíamos ser tanta coisa, mas tanta coisa e hoje somos só saudades.
Justo você que foi quem eu escolhi pra fugir pro meu mundo das maravilhas e sair de perto das feiuras do mundo. Porque, você sabe, eu sinto muita falta de você me emprestando sua mão enquanto dorme, de você me pedindo colo enquanto assistíamos filmes antigos, de você fazendo  molhos maravilhosos pras minhas massas, de você correndo pra esconder suas meias sujas e suadas quando eu chegava mais cedo do que o combinado e de você me perguntando sempre se eu estava bem e o que poderia fazer por mim.
Talvez seja só nostalgia, vou rezar pra que passe.
Camila A.